Eu queria... Há como queria....

Eu queria... Há como eu queria....

Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém assim sem precisar procurar na multidão.

Alguém comum, sem destaques evidentes, sem cavalos brancos ou dentes perfeitos.

Alguém que soubesse aproximar-se sem invadir ou que não se esforçasse tanto para parecer interessante.

Alguém com que eu pudesse conversar sobre filosofia, literatura, música ou simplesmente sobre o meu dia.

Alguém a quem eu não precisasse impressionar com palavras inteligentes ou com demonstrações de segurança e autoconfiança.

Alguém que me enxergasse sem idealizações e que me achasse atraente ao acordar, de camisa amassada e sem maquiagem.

Alguém que me levasse ao cinema e depois de um filme sem graça, me roubasse boas gargalhadas.

Alguém de quem eu não quisesse fugir quando a intimidade derrubasse nossas máscaras e queria não precisar usá-las e ainda assim não perder o mistério ou o encanto dos primeiros dias.

Alguém que segurasse a minha mão e tocasse meu coração.

Que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse...

Alguém com quem eu pudesse aprender e ensinar sem vergonhas, culpas ou prepotências.

Alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse a razão sem que isso me ameaçasse.

Que me dissesse como eu canto e que falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrada.

Alguém que me olhasse nos olhos quando fala, sem me deixar intimidada.

Que não depositasse em mim a responsabilidade exclusiva de fazê-lo feliz para com isso tentar isentar-se da culpa quando fracassasse.

Alguém de quem eu não precisasse, mas com quem eu quisesse estar sem motivo certo.

Alguém com qualidades e defeitos suportáveis.

Que não fosse tão bonito e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção.

Alguém educado, mas sem muitas frescuras.

Engraçado e ao mesmo tempo, que levasse a visa a sério, mas não excessivamente.

Alguém que me encontrasse...

Alguém feito pra mim.

      ( Sony Leite)